Durante a década de 60, o número 14 da
Rua Gabriel Santos, no bairro do Rosário, foi residência da nossa família.
Atualmente o sobrado agora tem o número 88 e é ocupado como república
feminina, cujo nome é bem apropriado para o lugar - Sussego. Lindo imóvel
colonial de esquina, de dois andares, com vista privilegiada. Acredito até que
seja o único imóvel do conjunto histórico da cidade com um belo alpendre de
piso decorado em azulejos hidráulicos, iguais aos que cobrem grande parte do
piso da Igreja Nossa Senhora do Rosário. Segundo o Mário, guardião zelador da
igreja, o vigário que morou no sobrado antes de nós e de outros, resolveu
trocar o piso da Igreja e, tendo uma boa sobra do material, aproveitou e
decorou o alpendre com esta obra de arte.
Rua de Cima - foto de Luara Viana Athayde. |
"Rua de Cima", era assim que ela
era mais conhecida, por ser uma via em patamar suspenso à rua que ladeia a
igreja. Ela era bem mais rústica do que na atualidade. Tinha calçamento com
pedras irregulares entremeadas com grama, proporcionando uma atmosfera mais
bucólica à paisagem, sendo único inconveniente para a maioria dos passantes,
algumas poças d'água que se formavam em época de chuvas, mas para nós meninos era
até muito divertido sair correndo e bater os pés bem no meio delas para molhar
os colegas. Foi num dia chuvoso, com a rua repleta de poças, quando uma Station
Wagon Ford 47, com motivos laterais em madeira, entrou na Rua de
Cima buzinando e piscando as luzes freneticamente. Bolinha, o cachorrinho da
Dona Luluta, proprietária da Escola de Comércio, que já era escandaloso de natureza, quase surtou de tanto latir
para o monstro mecânico. A vizinhança apinhou-se nas janelas, curiosa por tanto
barulho provocado pelo potente motor de seis cilindros da bela perua. Rogério
Péret, que estava na varanda do chalé, rapidamente desceu para frente da casa.
Fiz o mesmo.
— É meu pai! — disse com euforia.
— E esse carrão? — perguntei.
— Compramos! — sorriu satisfeito.
Logo a família Péret inteira foi para
rua, menos o João Marcos, irmão mais velho, que era muito sistemático.
Até a Cristina, louríssima, lindíssima, inspiração inalcançável de todos nós,
também apareceu para ver. Não sabíamos se olhávamos para Cristina ou para a
Perua vindo aos solavancos no calçamento e espirrando água por todos os lados.
O simpático senhor Jefferson Péret, comerciante relojoeiro tradicional em Ouro Preto, que mais
parecia uma personagem destas de contos de fadas, empolgado, freou bruscamente
aquela máquina potente, desceu do veículo e bateu no capô.
— Gostaram? — perguntou.
Quem havia de não gostar? Era o
primeiro veículo da Rua de Cima, que eu me lembro. Além dele veio depois a
Rural Willys do Senhor Vicente Godoy, pai do nosso amigo Vinício. Comprou zero
km! Não era para qualquer bico e acreditem ou não, ele aprendeu a dirigi-la na
estreita Rua de Cima mesmo, indo e vindo repetidamente, arriscando-se nas manobras
em frente à minha casa, e ao trocar as marchas a ré para manobrar, passava
muito perto de despencar-se uns três metros abaixo no quintal dos Péret.
Era grande novidade aquela rural verde
e branco, de beleza reluzente com linhas arrojadas! Havia também um carro bege
que ficava sempre estacionado na entrada da rua, marca Fissore, e que jamais o
vi mover-se. Fora estes, havia o Aero Willys Itamaraty do Senhor Domício, usado
como Taxi, o mais moderno carro de Ouro Preto. Fazia concorrência aos Chevrolets 48, verdes, do Padre Rocha, também usados como taxi, sempre estacionados ao lado
da Casa dos Contos. Somando esta frota tinha o encantador jeep de guerra, ano
51 do senhor Abeylard e a Vemaguete do Padre Mendes, esta última, muito
barulhenta, que pipocava o motor e espirrava para subir as ladeiras com seus
dois cilindros de potência em motor de dois tempos.
A pacata Rua de Cima onde o maior
trânsito era da tropa de burros de carga do Senhor Arlindo, uma vez por semana,
nunca mais foi a mesma. Era a modernidade trazendo aquelas duas maravilhas
motorizadas para nossa admiração, ao mesmo tempo medo, pois, quando víamos o
Senhor Vicente chegando da Escola de Farmácia em seu bólido verdejante, logo
subíamos na mureta da rua ou nas calçadas próximas das casas afim de nos
protegermos. Na verdade, em Ouro Preto sobrava espaço e eram poucos os veículos
transitando.
Início dos ano 60, família do autor, de bermuda preta, de frente ao sobrado na Rua de Cima. |
A família Péret foi referência em
muitas coisas que deram em mim o empurrão vocacional pelos rumos que escolhi e
andei. Com certeza, Rogério, uns quatro anos mais velho do que eu, e meu
vizinho de janela, foi responsável por influenciar-me nas atividades de aviação
que segui depois que caí no mundo.
— Marcinho, chega aí! — gritava Péret
da varanda do chalé, toda vez que acabava de inventar alguma engenhoca. Eu me
sentia privilegiado em ser o primeiro a ser compartilhado das ideias.
Quando ele chamava, eu já descia a
escadaria de casa pulando de três em três degraus para ir mais rápido, pois
alguma coisa de interessante ia me mostrar. Os chamados passaram a ser
codificados com diversos tipos de assobio, cada um antecipando que tipo de
evento estava por vir, ou apenas um simples chamado para ir para rua, e até
sinal de algum perigo iminente. Com o tempo este código passou a ser adotado
pela molecada inteira do bairro.
No porão do chalé dos Péret havia uma
bela oficina, onde Rogério inventava um monte de traquitanas — de carrinhos
para desembestarmos nas ladeiras, foguetes de brinquedo tentando imitar os
então recentes inventados pela NASA, com estágios que se separavam na subida,
aparato equipado com um mini paraquedas acoplado na cápsula espacial. Uma
maravilha de brinquedo, impulsionado à pólvora, longe do meu alcance de fazer
algo similar. Mas algum tempo depois arrisquei fazer alguns que viraram armas
terríveis, totalmente descontroladas, levando muito perigo às pessoas, em
particular para o Senhor Schweber, o alemão que achávamos muito misterioso,
sempre apoiado na sua bengala, com chapéu e terno impecáveis, e meu amigo
Aloísio, morador defronte à igreja. Ambos foram testemunhas oculares e quase vítimas
destes aparatos malucos, impulsionados à pólvora, em quantidades mal
calculadas, socadas com cola goma arábica. Felizmente foram apenas sustos, com
leves prejuízos de paredes estragadas, salas chamuscadas e cortinas queimadas.
O Rogério, não se misturava com a
molecada. Era sério, compenetrado e já ajudava o pai na loja da Rua São José. Atualmente é um advogado dos ótimos! Mas na época, era também exibicionista com aquela bicicleta marrom aro 24, equipada com
freio contra pedal, na qual ele sentava virado para trás e saía na carreira,
desde a loja na Rua São José até a sua casa no Rosário. Quando não era de costas, vinha com sacolas
na mão sem segurar no guidão. Era um craque, um malabarista, considerando que
andar de bicicletas normalmente nas ruas de Ouro Preto não é uma tarefa fácil.
Com ele aprendi a jogar xadrez,
construir aeromodelos, fazer zarabatanas, pipas gigantes, sendo que uma delas
quase me matou. Andar de bicicleta, e até a primeira bola de capotão ele me
deu. Bola velha, saindo os gomos em pelancas, mas foi um bem-vindo presente
justamente em ano de Copa do Mundo no Chile. Dele também veio para mim um
carrinho maravilhoso, muito bem construído, conseguido na base de troca da
minha buzina à pilha, para prender no guidão de bicicleta. Com este carrinho eu
e meus amigos arriscamos as nossas frágeis carcaças pelas ladeiras abaixo,
inclusive na Rua da Escadinha onde conseguíamos uma velocidade incrível, com
uma boa freada no final, arrastando as rodas até feder à borracha queimada. Mas
o carrinho era tão bem idealizado e construído, com eixo traseiro, feixe de
molas, direção reforçada, freio com lonas, rolamento embutido nas rodas bem
revestidas com bandas de pneus, que nos dava segurança absoluta do que
fazíamos, ou quase. Na época fiquei pensando porque o Rogério trocara comigo um
tesouro de carrinho por uma mera buzina a pilha azul, que tinha um som rouco
horroroso. Mais tarde fui perceber que aquele carrinho não era mais compatível
com a idade do Péret. Mas ele poderia tê-lo vendido facilmente para outro, não
para mim, pois dinheiro no meu bolso era uma raridade. Acredito até que se
eu não tivesse lhe dado a buzina, o carrinho eu o ganharia de qualquer forma –
uma herança de amigos.
O meu lado artístico também foi em
grande parte influenciado pela família Péret, quando minha mãe tomou aulas de
pintura com Dona Lígia, a matriarca daquela geração, uma figura carismática, que
nós meninos apesar de não nos darmos bem com a maioria dos adultos do bairro,
com ela tínhamos um imenso carinho. Passei então a fazer alguns desenhos a
nanquim, os quais eu conseguia vendê-los aos turistas estrangeiros. Uma folha
de papel, uns rabiscos lá de frente à igreja, ao vivo, o turista se admirava
com a minha rapidez e comprava na base da emoção.
— How much? — quando não era inglês,
era francês ou alemão. Eu, não entendendo, ele gesticulava a linguagem
universal dos sinais, esfregando o polegar no indicador.
Eu apenas levantava a mão cheia que significava cinco cruzeiros. Era muito bom, pois com aquele dinheiro poderia comprar todas as guloseimas na padaria do Seu Dico, bombinhas e até algumas gramas de pólvora no armazém do Senhor José Ribeiro para fazer uns foguetes.
Eu apenas levantava a mão cheia que significava cinco cruzeiros. Era muito bom, pois com aquele dinheiro poderia comprar todas as guloseimas na padaria do Seu Dico, bombinhas e até algumas gramas de pólvora no armazém do Senhor José Ribeiro para fazer uns foguetes.
O Rosário era muito mais movimentado do que atualmente, tendo no adro atrás da igreja o campinho de terra batida, onde jogávamos bola quase todas as tardes. Era muito inconveniente, pois a bola estava quase sempre saindo por uma das laterais, despencando ladeira abaixo ou atrás dos muros nos quintais alheios. Havia um vizinho mal-humorado que parecia ficar esperando a bola ser chutada no quintal, pois, mal ela caía e ele a jogava de volta, furada e rasgada por algum objeto cortante. Comprar uma bola não era coisa fácil, ainda mais para nós que estávamos sempre lisos.
— Ah, seu desgraçado! — e mais um monte
de adjetivos. Xingávamos todos os nomes possíveis.
Ele parecia esperar, se esbaldando com
a nossa ira, pois, escutávamos as gargalhadas maldosas do maldito. Mas ele teve
o que mereceu tempos mais tarde, em um episódio que será contado mais adiante.
Uma das marcações do gol ficava rente à
parede de trás da Igreja do Rosário, que tinha os vidros das janelas
constantemente quebrados. Padre Simões, que sempre estava na igreja, era figura
ímpar e muito simpática. Ao invés de proibir as peladas, mandou colocar telas
de proteção nos vidros. Algumas beatas reclamavam que a parede da igreja ficava
completamente suja com as marcas das boladas, principalmente em dias de chuva.
Uma vez ou outra ele ia ver a pelada, arriscando alguns chutes, levantando a
batina para fazer isso. Era muito engraçado vê-lo todo desengonçado dando uma
bicuda na bola. Parecia um urubu desajeitado, mas era nosso amigo. Tão amigo
que até o Zé Pereira do Rosário, com seus tambores, taróis, adereços e
fantasias, a diversão tão esperada nos carnavais, era todo guardado na parte de
baixo da residência dele. Tinha o lado católico e certa tolerância com o
profano, mesmo com a rigidez da igreja Católica. Padre Simões era de uma
inteligência e cultura muito além dos padrões normais daquela época.
— Deixem os meninos, senhoras! Deus não
se importa com esta sujeira do lado de fora.
Ele tentava de todas as formas convencer
Dona Luluta e Dona Anita, que eram maiores reclamantes entre tantas outras.
— Meninos! Moderem-se! Acho até bom
vocês se empenharem a ajudar nas missas para melhorar a situação de vocês com
os adultos do bairro. — ele nos convencia e esporadicamente éramos coroinhas
nas missas de domingo, mas o sino... ah! O sino do Rosário! Este nos
disputávamos em corridas pelas escadas acima em espiral até o alto, para ver
quem tocaria o sino maior.
No adro da frente, antes com muita
grama, jogávamos pente altas, brincávamos de pique esconde e o temido tico-tico
fuzilado, este último jogo, responsável pelos hematomas nas costas dos meninos,
muitos galos nas cabeças e alguns com cortes profundos. Era uma rotina perigosa e gostosa.
Ninguém ficava dentro de casa preso entre quatro paredes como as crianças de
hoje. O único dispositivo mais avançado pertencia ao Marco Antônio Maia, nosso
amigo já falecido, dono de um rádio de pilha Evadim, com aquela longa antena,
som que ia e vinha misturado com muito chiado. Mas era nele que escutávamos os
campeonatos do Rio de Janeiro. Virei torcedor Vascaíno por influência dele e do
Senhor Almir, um vizinho agradável que morava na parte de baixo do sobrado. As
televisões preto e branco, sabíamos que tinha apenas na casa do Senhor Almir, na
casa do Vinício Godoy e na casa do Marco Antônio. Máquina fotográfica, nem
pensar, apenas o Márcio Guimarães, o Vitor, irmão do Vinício e outros poucos
possuíam, por isso temos poucos registros da época. Bicicletas eram apenas
duas; uma Caloi com quadro feminino, da família Godoy, e a minha linda
MerckSwiss azul que meu padrinho me dera de presente. Deu porque comprara duas
para os filhos dele e levou uma de quebra. Nem dormi na noite olhando para ela
ao lado da minha cama. Lembro-me que tempos depois a troquei com um relógio que
não funcionava - meu primeiro mau negócio antes de muitos outros. Nem preciso
de consultar terapeuta para saber porque me dei mal em muitos negócios – está
aí a explicação e a origem.
Ao lado de casa morava a família Santos
Maia. Embaixo existia uma tipografia que funcionava o dia todo, com muito
serviço. Senhor Ademar era o proprietário, tendo no estabelecimento um ajudante
e um simpático impressor. Eu era bastante curioso e aquela arte de compor os
tipos, cortar os papéis na guilhotina, imprimir e encadernar me fascinara. Foi
um vírus da imprensa que entrou no meu inconsciente, despertado tempos depois
me levando para os caminhos da publicidade, das artes e do jornalismo, área que
atuei em grande parte da minha vida.
Geralmente estudávamos o primário no
Grupo Escolar Dom Pedro II, o curso de admissão ao ginásio na Escola Marília de
Dirceu e o ginásio no Colégio Arquidiocesano sob a chibata do Padre Carmélio,
verdadeiro Coronel do comandante Padre Rocha. Nossas notas eram relativas ao nosso tempo
de estudo em casa. As minhas principalmente, que sempre estavam numa mistura de
muito vermelho e pouco azul. Na Escola Marília de Dirceu a coisa andava mais
solta, com brechas que permitiam que matássemos muitas aulas, ou no Morro da
Forca, ou no Pocinho, que naquela época era uma área rural, pois as casas
terminavam na Barra, bem no início da subida para Bauxita. Depois que a escola
contratou Seu Lampião para caçar os gazeteiros, passamos a matar as aulas no
adro frontal da Igreja das Mercês de Baixo, pois lá de cima observávamos os
movimentos do Seu Lampião saindo da escola afim de nos pegar — jamais
conseguiu. E lá fumávamos três a quatro maços de cigarro Mistura Fina, um atrás
do outro. Íamos para casa fedorentos de tanto tabaco, e a sova comia solta no
lombo.
Nossas mães mal sabiam onde andávamos,
coitadas. Imaginavam apenas que estivéssemos pelas redondezas da Igreja do
Rosário. Na verdade, andávamos por todas as partes; morro do Areião, Cachoeira
das Andorinhas, Pocinho, e até ir para Saramenha passando por cima de um cano,
fazendo dele uma extensa pinguela, sobre uma lagoa de rejeitos industriais que
fumegava de quente. Eram crianças que variavam na faixa etária entre sete e
treze anos, que se ausentavam de suas casas por meio período para brincar, meio
para frequentar a escola e depois do jantar as brincadeiras ainda avançavam
noite adentro.
Nosso lugar predileto era um clube que
formamos numa das salas do segundo piso do velho casarão do Rosário, abandonado
desde que o Hotel Monteiro fechara as portas. Lá moraram a família Fortes
ocupando alguns cômodos do lado norte e, do outro lado, a família do Senhor
Abeylard, um correspondente da Segunda Guerra Mundial, pai do Marco Aurélio,
que tinha muitas histórias as quais escutávamos sem piscar. Enxergávamos o
ex-combatente como verdadeiro herói e adorávamos quando nos carregava no seu
jipe 51 pelas cercanias de Ouro Preto, até para caçar. Este clube era nosso QG
e lá tudo guardávamos, ou mantínhamos em segredo aquilo que fazíamos de
proibido, culminando certa vez em um episódio bem constrangedor, envolvendo o
grande armazém do Senhor José Ribeiro, que merece um bom capítulo neste blog.
Tínhamos nossos amores, escondidos é
claro, pelas meninas que amávamos platonicamente. Certamente também postarei
aqui nossas musas da escola, e aquelas mais velhas que despertavam nossa
libido. As amigas das nossas irmãs, achávamos lindas, sonhávamos com elas, mas
nada mais do que sonhos. A minha musa na Escola Marília de Dirceu chamava-se
Joana D'Arc, mas ela nunca soube disso. Era tão linda e educada, que não apenas
eu, mas muitos colegas da sala tinham o mesmo sentimento, por isso havia uma
disputa imensa de chegar mais cedo na escola para ocuparmos uma carteira o mais
próximo dela possível. De vez em quando, por sorte, ganhávamos um sorriso, e
apenas isso alimentava a esperança que um dia ele pudesse se apaixonar, mas sem
chances! Nem beijo na boca havíamos experimentado ainda. Nem mesmo sabíamos
como fazê-lo. Hoje, se ela estiver lendo isso, ou seus descendentes, certamente
já é uma senhora, avó, cheia de netos, que ela releve esta menção com meu
sincero respeito para uma época sem malícias. É apenas uma doce e inocente
lembrança que fui buscar nas profundezas do meu consciente, despertado pelo
clima de Ouro Preto. Para resolver este problema da falta de beijo a única
solução foi arriscarmos uma ida na "Coréia", nome dado à Zona do
Meretrício, em Ouro Preto, bem perto do centro, onde pedimos algumas das
donzelas para nos ensinar alguma coisa sobre beijar.
— Que isso, pirralho! — caíam na
risada. — Saiam fora daqui seus pestes. Querem nos arranjar problemas com seus
pais?
E assim crescemos todos, cercados de
muitos artistas que pintavam ao ar livre na cidade, pessoas marcantes, a
influência direta da igreja e dos padres. Meu pai que trabalhava fora e voltava em
casa de quinze em quinze dias, e até com mais espaço de tempo, para mim era
muito confortável ficar nas ruas de manhã à noite, pois a coitada da minha mãe
não dava conta de todos nós. Foi uma infância onde não tínhamos nada que o
progresso e as tecnologias de hoje oferecem, que aprisionam o ser humano em uma
sala. Tínhamos a liberdade em um ambiente saudável e cheio de lugares ao
ar livre por onde aventurávamos. Éramos do Bairro do Rosário, mas permeávamos
por Ouro Preto toda, cada beco, cada túnel, cada brocotó de serra, até no Morro
do Gabriel para onde íamos de Maria Fumaça. Foram bons tempos bem vividos, com
boas lembranças e outras nem tanto. Tenho saudades? Não, já passou. Ficou
apenas a história.
Este blog é uma espécie de exercício
para testar e reavivar a minha mente, e a dos meus amigos, enquanto vou fazendo
a terceira redação dos meus livros os quais escrevo.
http://autormna.wix.com/autor
E como dizia o nosso ex-presidente da
república, também mineiro, Juscelino Kubitscheck: eu não me importo de voltar
atrás e mudar de ideia, pois como ele, também não tenho compromissos com meus
erros – minha memória pode ser enganada pelo tempo. Meus amigos, se souberem de
alguma falha, um erro, me escrevam e eu refarei o texto consertando e fazendo
jus aos fatos, para que daqui saia um bom registro que documente aquela época.
e-mail: autor.mna@gmail.com
Fotos antigas, importantes documentos históricos, nesta postagem, algumas são de autoria de Luis Fontana (Ouro Preto), Zélia Gattai, esposa de Jorge Amado (Sartre). Guinard (Projeto Guinard)
Saudações!
Obrigado por mencionar, mas as fotos não são de minha mãe! Aperece o nome delas em algumas por uma incompetência minha, eles foram inseridos por engano! As fotos antigas de nossa terra são do Luis Fontana!
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